terça-feira, 4 de setembro de 2012

IMPACTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS AGROCOMBUSTÍVEIS

                Quando falamos da utilização de agrocombustíveis para geração de energia  em escala global, podemos observar diversos impactos sociais e econômicos, dentre os quais podemos citar:
Ø  A contenção dos preços dos combustíveis fósseis, pois segundo os estrategistas de mercado de commodities, a oferta deste produto funciona como um agente regulador do mercado;
Ø  Emissão na atmosfera de vários aldeídos, que são compostos aromáticos, potencialmente perigosos à saúde humana e ainda não existe uma regulamentação de emissão. É necessário ressaltar que a maior parte dos aldeídos são nocivos à saúde humana e a concentração dessas substâncias acima dos limites aceitáveis causam diversas doenças, principalmente relacionadas ao sistema respiratório. Assim a questão da sustentabilidade dos agrocombústiveis é questionável, pois ao utilizá-lo simplesmente trocamos o tipo de poluição;
Ø   Pressão sobre os recursos hídricos, essa pressão ocorre de duas maneiras, ou seja, a utilização da água para irrigação de culturas de produção do agrodiesel e para a produção deste produto nas refinarias, nos processos de vaporização e resfriamento. O problema se torna mais crítico se essa água for retirada dos aquíferos que são considerados reservas estratégicas quando se trata de gestão de recursos hídricos. Essa pressão sobre recursos hídricos compromete totalmente a sustentabilidade ambiental;
Ø   Perda da biodiversidade há várias evidências de que a expansão agrícola para a produção de agrocombústiveis produz perda da biodiversidade, o que torna a dependência aguda dos agrocombústiveis um risco elevado, pois o maior veneno para a agricultura é a perda da biodiversidade que compromete a resistência das espécies a pragas;
Ø    Impacto econômico e social: geração de emprego. Existe o argumento a favor dos agrocombustíveis  de que estes gerariam empregos nos países pobres, porém é questionável, pois ao analisarmos mais de perto essa questão, verificamos que a produção de agrocombústiveis, segundo dados , em uma área de 100 hectares  quanto utilizada com a agricultura familiar pode gerar 35 empregos. Nesta mesma área  a cana de açúcar  e a palmeira fornece 10 empregos, eucalipto 2 e soja 1, assim o impacto positivo de geração de emprego é questionável;
      Após as análises de todos esses impactos é difícil aceitar que os agrocombustíveis sejam sustentáveis, pois o que está em jogo é o interesse e o poder financeiro em detrimento do ambiente. O poder do capital se sobrepõe a preservação ambiental, mesmo que os analistas dos institutos de desenvolvimento e pesquisa continuem a declarar que eles seriam uma alternativa viável para substituir o petróleo.
            
          O discurso oficial da ONU através do IPCC e seus cientistas alertam para a necessidade de conter a emissão de GEE, através da utilização dos agrocombustíveis, pois, segundo eles, a utilização desse produto garante que o CO² emitido já havia sido sintetizado pela atmosfera pelo vegetal que origina o agrocombustível. Porém esse discurso não se sustenta, quando observamos mais de perto a questão,  e verificamos que ela está ligada a questão de segurança energética, principalmente das grandes potências que controlam essa organização, e também ao problema das incertezas políticas das áreas produtoras de petróleo. Assim o grande problema não é o aquecimento global e sim as fontes alternativas de geração de energia limpas e baratas.
 No centro dessas questões de segurança energética, surge outra questão, a segurança alimentar, os  agrocombustíveis são uma alternativa para substituir o petróleo, mas sua produção coloca em risco a segurança alimentar de milhões de pessoas, pois áreas destinadas ao cultivo de alimentos estão sendo substituídas por plantação de cana-de-açúcar, milho e outros. Tem que haver a preocupação de incluir também a produção familiar no campo nesses projetos, o desafio é pensar em projetos de produção que articule soberania energética/alimentar/conservação. Não pode haver soberania energética em detrimento da soberania alimentar. 

          A produção de agrocombústiveis esta estabelecendo uma fronteira agrícola agressiva, fincada em uma base tecnológica adequada e com uma expansão caracteristicamente descontrolada sob espaços anteriormente destinados a produção de alimentos. Assim com a diminuição da oferta de alimentos observamos um aumento de preço desses produtos, que coloca em risco a segurança alimentar, principalmente por parte das camadas menos favorecidas da população é aí que entra o papel do Estado com a função da gestão territorial ele deve atuar como regulador, ou seja, ele deve fazer a gestão do território garantindo a destinação de áreas para  o plantio de alimentos, culturas para a produção de agrocombústiveis. O que não pode acontecer é essa gestão ficar a cargo do mercado, pois sabemos que o capitalismo é voraz e nunca leva em conta o social. Podemos observar as consequências desse fato até mesmo nas feiras livres, pois outro dia estava conversando com um amigo feirante sobre o preço dos legumes e verdura em especial o tomate e o mesmo me mostrou o custo de uma caixa de tomate, justificando o preço elevado devido à redução das áreas de cultivo e diminuição da oferta do produto no mercado.

         A produção de biocombustível está ligada à produção agrícola e ao agronegócio e tem características de monocultura. Esses agronegócios representam interesses das grandes empresas com sedes localizadas em países desenvolvidos  que não possuem área suficiente para se produzir em seu território, buscando locais nos países mais pobres e  com problemas relacionados a  escassez de alimentos, como é o caso das investidas dos EUA em países africanos para produção de agrocombustíveis.
Analisando esse cenário observamos uma das pontas dos problemas territoriais advindos da expansão dos agrocombústiveis, ou seja, de um lado, as grandes corporações produtoras de energia atuando como capitalistas em potencial, tendo como base o lucro e o território como meio de reprodução do capital e do outro os grupos tradicionais que se apropriam do território de forma mais coletiva equilibrando as necessidades de se preservar e explorar.
GRUPO ECLIPSE
TEXTO DE APOIO
EQUIPE REDEFOR - GESTÃO TERRITORIAL E MEIO AMBIENTE

sábado, 1 de setembro de 2012

Biocombustíveis - da fome à segurança alimentar

 
 
                                                                                                                 Youtube - Enviado por  em 26/01/2009

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Opinião sobre o potencial Brasileiro e a geração de energia


MATRIZ ENERGÉTICA
              A música e o video abaixo, retratam de forma poética um dos grandes problemas gerados pela construção de usinas hidrelétricas,  que é o fato de que a construção de grandes reservatórios implica no alagamento de vastas regiões, no caso citado na música, o municipio de Sobradinho no Estado da Bahia. A usina foi instalada nessa região aproveitando o curso d'água do Rio São Francisco. Nesses casos a população é retirada do local, significando a ruina de suas terras  e meios de sobrevivência além de completa  erradicação do "lugar" de referência dessas pessoas. Assim a grande pergunta que fica nesses casos, é quanto custa o "lugar" e todo história nele contida? Não há como por preços em lembranças , no passado etc....
Fonte: Redefor- Formação Docente
Gestão de Território: Energia e Meio Ambiente.

Sobradinho

Sá e Guarabyra

O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Pilão Arcado, Sobradinho
Adeus, Adeus ...
Extraído de http://letras.mus.br
Extraído do site: www.youtube.com.br
Fonte: opiniãosustentável.com.br

Ao analisarmos essa imagem, observamos que a Matriz Energética brasileira é composta por fontes de energias renováveis como a lenha, derivados de cana, hidraulica, porém ainda predomina a utilização de fontes convencionais que para gerar energia emitem CO² na atmosfera, sendo assim, consideradas poluidoras. Na comparação com a fonte energética mundial o Brasil apresenta uma  alta porcentagem de utilização das fontes renováveis, quando analisamos o cenário mundial, verificamos que possuimos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Em relação ao discurso ambiental da necessidade de utilização de fontes de energia limpas e renováveis, a     a entrevista do Secretario executivo do Forum Executivo de meio ambiente e setor elétrico, senhor Décio Michellis Jr. entitulada " Querer não é poder: como descarbonizar a matriz energética brasileira, nos remete a reflexão sobre essa questão,  quando o mesmo conclui que apesar de todos serem a favor de energias limpas , com a  presença crescente do conceito, desde que não seja no meu quintal, e cada uma de nós continua consumindo energia elétrica, pois ela significa conforto, saúde, desenvolvimento e qualidade de vida. Desenvolvimento não rima com falta de energia elétrica e  assim apesar dos discursos são poucas as pessoas que abririam mão do conforto em favor do meio ambiente. Para ele nenhuma fonte deve ser desprezada, e não existe ilusão, mesmo as fontes renováveis e energias ditas limpas provocam impactos ambientais quando utilizadas em larga escala, com danos que podem ser tão significativos, quanto as fontes convencionais, quando compararmos os impactos ambientais de cada fonte, do berço ao túmulo, ou seja da produção ao consumo final. Para ele cada fonte de energia tem sua aplicação e lugar na matriz energética nacional. A escolha deve considerar as especificidades locais, os custos de oportunidades sócio-ambientais. Assim nenhuma fonte deve ser desprezada.
  Fonte:ABCE - Associação Brasileira de Companhias e Energia Eletrica - 2007/2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Charge - Biocombustível e a fome no mundo


OS BIOCOMBUSTÍVEIS, O ETANOL E A FOME NO MUNDO
No primeiro caso, estão as preocupações de caráter ambiental que derivam da crescente busca para a redução de emissões de gases que aceleram o efeito estufa. Quanto aos governos, a segurança energética relaciona-se com a redução da dependência da importação de petróleo, bem cada vez mais escasso e cujos principais países exportadores encontram-se em regiões com freqüentes instabilidades políticas. É nesse contexto que a experiência brasileira no uso do álcool derivado da cana-de-açúcar desperta a atenção mundial.

O Brasil está, há pelo menos três décadas, na vanguarda da corrida dos biocombustíveis, em decorrência não só da enorme quantidade de terras e recursos hídricos disponíveis, como também por seu domínio tecnológico na produção de cana, a mais importante das matérias-primas utilizadas para produzir açúcar, etanol e eletricidade de forma competitiva.

A decisão dos governos dos Estados Unidos (EUA) e dos países da União Européia (UE) em pelo menos duplicar o seu consumo de biocombustíveis nos próximos anos não só acirrou inúmeros interesses, como também ensejou grandes polêmicas.

Uma das principais polêmicas é aquela que discute o impacto que o crescimento das culturas agrícolas ligadas à produção de biocombustíveis causariam à produção de alimentos. De início deve-se ressaltar que a importância dos combustíveis de origem agrícola no mercado global de energia é pequena, visto não representarem mais do que 1% da produção de combustíveis fósseis.

Mas, o crescente impacto do boom agroenergético tem afetado, de forma mais ou menos significativa, certos mercados agrícolas, especialmente o do milho, a principal matéria prima usada para produção de etanol nos EUA. A produção norte-americana do etanol já consome cerca de 20% do milho produzido no país e esta cultura vem avançando gradativamente sobre áreas de outros plantios, especialmente os dedicados à soja. Isso tem ocasionado aumento dos preços de certos produtos agrícolas e causado desequilíbrios na estrutura dos mercados agropecuários (especialmente os de rações), além de afetar as exportações (os EUA são os maiores exportadores mundiais).

Já o impacto da expansão da agroenergia nos mercados agrícolas é muito menor em países como o Brasil, que produzem álcool a partir da cana. Mais eficiente que o milho ou qualquer outra cultura agrícola, a produtividade da cana é duas vezes maior que a do milho e seu custo de produção é 30% menor.

Do total de terras aráveis do Brasil (aproximadamente 340 milhões de hectares), cerca de 2,0% são usadas para o cultivo de cana, metade delas dedicadas à produção de etanol. A cultura da cana deverá se ampliar nos próximos anos às custas das terras dedicadas ao plantio de soja (cerca de 6,0% das terras aráveis) e milho (3,2%) e também sobre as áreas de pastos que correspondem a quase 60% das terras aráveis. Mas, não há certeza que, em algumas áreas, a cana não possa se expandir em detrimento a algumas culturas alimentares. Daí, a ferrenha oposição setores da sociedade em relação a essa expansão.

Estimativas para a safra de cana de 2007/2008 indicam que ela crescerá 15% em relação a de 2006/2007 e o aumento se verificará em quase todas as unidades federativas. Os estados que apresentarão o maior crescimento porcentual serão a Bahia (75,9%) e Tocantins (73,5%). Todavia, em volume, a produção de cana é bem concentrada. Cerca de 85% dela verifica-se no Centro-Sul, com destaque para São Paulo com aproximadamente 70% do total regional. O Paraná (porção norte), Minas Gerais (região do Triângulo Mineiro), Mato Grosso Sul (leste) e centro-sul de Goiás completam o quadro.

Há estudos em andamento no Ministério da Agricultura no sentido de se estabelecer um zoneamento agroecológico do setor sucroalcooleiro cujo objetivo seria o de definir as áreas disponíveis para a ampliação da produção levando em conta não só os índices de produtividade, mas também os impactos ambientais e socioeconômicos dessa expansão.

Os EUA e o Brasil são, nessa ordem, os maiores produtores mundiais de etanol, sendo os norte-americanos os maiores importadores do produto e nosso país o maior exportador. Todavia, o Brasil não possui as limitações de expansão de área cultivada como os EUA, já que a cana pode, a princípio, se expandir especialmente em áreas de cerrado, que tradicionalmente têm sido utilizadas para pastagens ou produção de soja. O Brasil, por exemplo, poderia produzir 132 milhões de litros de etanol, volume necessário para substituir 15% da gasolina nos EUA, com cerca de 30 milhões de hectares de cana-de-açúcar, o triplo da área atual de cana, porém apenas 10% da nossa reserva de pastagens.

Se produzida com alta tecnologia, a agroenergia representa uma extraordinária oportunidade para os países subdesenvolvidos da América Latina, África e parte da Ásia. O Brasil, em particular, tem uma chance de ouro para estar à frente dos demais países no contexto global da bioenergia, buscando consolidar o álcool (e também o biodiesel) como commodities globais, produzidas de forma ambiental e socialmente correta.

A expressiva alta dos alimentos nos últimos dois anos e a crise alimentar que vem afetando muitos países pobres como o Haiti, Burkina Fasso, Níger, entre outros levou vários especialistas ligados a organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a afirmar que esses problemas, que poderiam se alastrar por outros países eram causados pela expansão dos cultivos dedicados a produção de biocombustíveis (o etanol em particular) em detrimento daqueles dedicados a alimentação humana. Na verdade, o problema tem como causas uma combinação de fatores que atuam de forma diferenciada em vários países.

Genericamente seriam cinco os principais fatores que explicam, em termos mundiais, a situação atual. O aumento da produção de biocombustíveis e a manutenção dos subsídios agrícolas em países ricos, como os EUA e países da UE. O aumento dos custos da produção agrícola como decorrência do aumento do petróleo e dos fertilizantes. O forte incremento do consumo de alimentos por parte de países emergentes de grande população como são os casos da China, Índia, Brasil e México. A quebra de safras em vários países produtores de grãos cujo exemplo mais evidente é o da Austrália, atingida por secas prolongadas nos últimos anos. A crise financeira dos EUA que levou investidores a apostar em contratos de mercadorias, contribuindo também para o aumento de preços dos alimentos.

Nelson Bacic Olic

Revista Pangea, 29/4/2008
http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=sl223

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fontes renováveis respondem por 88,8% da matriz energética brasileira.


A participação de fontes renováveis de produção de eletricidade na matriz elétrica do Brasil chegou a 88,8% em 2011, um aumento de 2,5% em relação a 2010, segundo dados do Balanço Energético Nacional 2012. O estudo foi elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgados na terça-feira 12.
O governo brasileiro destacou que a média mundial é de 19,5%. Já entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ela chega a 18,3%.
Segundo o levantamento, houve alta de 6,3% na produção hidrelétrica, devido a condições hidrológicas favoráveis. Por outro lado, teve redução na produção de bioeletricidade a partir da biomassa da cana-de-açúcar.
A fonte eólica totalizou geração de cerca de 2,7 mil gigawatts-hora (GWh) em 2011, número 24,2% maior na comparação com 2010.
“O elevado percentual de crescimento prenuncia o que deve ocorrer de forma ainda mais expressiva nos próximos quatro anos, quando novos parques, já em construção, entrarão em operação”, aponta o estudo.
Produção de energia no país
Além da energia elétrica, a matriz energética brasileira inclui outras fontes disponíveis, como gás natural, gasolina e lenha, por exemplo. Nesse segmento, que inclui todos os recursos de energia disponíveis no país, a participação de fontes renováveis permaneceu praticamente estável, alcançando 44,1% das fontes utilizadas no Brasil, no ano passado. Mesmo assim, ainda é maior que a média mundial, de 13,3%, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).
A oferta interna de energia, que é o total da energia demandada no país, cresceu no ano passado 1,3% em relação a 2010. O consumo final de energia (pelas pessoas e pelas empresas) cresceu 2,6%.
Repartição da oferta interna de energia
Renováveis (44,1%):
Biomassa da cana: 15,7%;
Hidráulica e eletricidade: 14,7%;
Lenha e carvão vegetal: 9,7%;
Lixívia (água de lavagem das cinzas da queima de madeira) e outras renováveis: 4,1%).
Não renováveis (55,9%):
Petróleo e derivados: 38,6%;
Gás natural: 10,1%;
Carvão mineral: 5,6%;
Urânio: 1,5%.

* Fonte: EPE.
** Publicado originalmente no site da EcoD.